7 frutas da Mata Atlântica que você não conhece
quarta-feira, maio 27, 2015Com uma das maiores diversidades de flora e fauna do mundo, é uma pena ver que nem mesmo os brasileiros conhecem bem suas florestas. Você conhece algum fruto de nossas matas, que não seja o açaí e o guaraná?
A Mata Atlântica
A Mata Atlântica, originalmente, cobriria uma área de 1,3 milhão de quilômetros quadrados, distribuída ao longo de 17 estados brasileiros que iam desde o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul. Desde o descobrimento do Brasil, no entanto, até os dias de hoje, a área de mata foi reduzida a aproximadamente 7% da sua área original.As florestas da Mata Atlântica foram as primeiras exploradas por colonizadores. As populações indígenas, que detinham o conhecimento empírico do uso de produtos nativos e naturais, foram dizimadas. Em seu lugar, os europeus introduziram alimentos trazidos de outras culturas, como a cana-de-açúcar e o café. Por isso que a nossa ligação com esta floresta maravilhosa se perdeu e tornou-se muito difícil a reconexão.
O resultado atual é a perda quase total das florestas originais intactas e a contínua devastação e fragmentação dos remanescentes florestais existentes, que colocam a Mata Atlântica, em péssima posição de destaque, como um dos conjuntos de ecossistemas mais ameaçados de extinção do mundo. E, infelizmente com a devastação foi-se também um conhecimento que deveria fazer parte da vida de mais de 70% da população brasileira que habita a faixa de Mata Atlântica.
Mesmo com toda essa devastação provocada pelo ser humano, a Mata Atlântica é um bioma muito peculiar e insiste em nos oferecer o que tem de melhor: "Suas frutas". Mas será que você conhece alguma dessas frutas? Provavelmente não, pois os alimentos concentrados nesse bioma raramente chegam às cidades. Então vamos a elas:
Araçá (Psidium cattleianum)
O Araçazeiro, cujo fruto é o Araçá, é uma árvore ou arvoreta, de copa esparsa, muita vezes com porte arbustivo, alcançando de um a nove metros de altura. Ocorre naturalmente da Bahia ao Rio Grande do Sul, na Mata Atlântica. Ideal para jardins residenciais pelas características e porte arbustivo o Araçá tem um sabor parecido com o da goiaba (com a qual compartilha o parentesco), mas um pouco mais azedinho. É ideal para a recuperação de áreas degradadas, pois tem crescimento rápido e atrai muitos passarinhos, que se encarregam de espalhar suas sementes.![]() |
Imagem via Casa Pro |
É bastante comum no litoral de São Paulo, onde é possível, entre a primavera e o verão provar seus frutos. Os frutos são do tipo baga, pequenos globosos, de casca vermelha ou amarela, compolpa de cor creme a esbranquiçada, suculenta, doce e ácida, de sabor e aspecto semelhantes à goiaba e com numerosas sementes. Os frutos são ricos em vitamina C, podem ser consumidos in natural ou na forma de sucos, doces, sorvetes, compotas, lícores e marmeladas.
Cambuí-roxo (Eugenia candolleana)
O nome Cambuí, vem do Tupí e significa "galho fino". Arvoreta ramificada de 3 a 4 metros de altura, com copa arredondada, cônica e densa com até dois metros de diâmetro. O tronco é liso e avermelhado, parecido com o tronco da goiabeira. Os frutos são bagas de 2 a 3 centímetros de diâmetro de cor roxo enegrecido quando maduros. O Cambuí frutifica nos meses de março a maio. Os frutos são consumidos in natura e muito apreciados.![]() |
Imagem via Flickr (Anestor Mezzomo) |
Os frutos não possuem sementes e são ótimos para fazer bolos e também servem para fabricar sucos, sorvetes e geléias. As flores são apículas e a árvore é ornamental podendo ser cultivada com sucesso na arborização urbana.
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Imagem via Wikipedia |
Cabeludinha (Myrciaria glazioviana)
Também chamada de Café cabeludo, fruta-cabeluda, jabuticaba amarela, peludinha e vassourinha-da-praia, é uma planta arbustiva perene de 2 a 4 metros de altura com copa frondosa e compacta, possui folhas verdes coriáceas, alongadas com 6 a 11 centímetros de comprimento, formadas dois a dois e opostas nos ramos, a nervura principal é saliente na face inferior e as margens do limbo recurvadas para baixo.![]() |
Imagem via Rede Globo (Giselda Person) |
Seus frutos são doces, podendo ser consumidos in natura, ou em sucos sorvetes e doces, entre o final do inverno e começo da primavera. Em São Paulo é possível ver a "Cabeludinha" ao vivo, no Parque do Ibirapuera e no jardim do Instituto de Biociências da USP. A árvore é ornamental e ideal para arborização urbana. E, olha só, é fácil encontrar mudas para cultivar! Eu plantei uma Cabeludinha no meu jardim, ainda está pequena, mas já em processo de frutificação, veja a foto no final do post.
Cambuci (Campomanesia phaea)
O nome Cambuci é de origem indígena e deve à forma de seus frutos, parecidos com os potes de cerâmica que recebiam o mesmo nome. Parente da goiaba e da pitanga, o Cambuci é caracterizado por ser muito azedo e conter grandes quantidades de vitamina C. Infelizmente correu perigo de extinção, pois sua madeira era largamente explorada para a fabricação de ferramentas e utensílios básicos, porém com a descoberta de seu potencial econômico já não corre mais o risco de se extinguir. Era tão abundante em São Paulo que até rendeu o nome de um dos bairros mais tradicionais da cidade.![]() |
Imagem via Crfg.org |
Seus frutos são lisos e tem a cor verde mesmo maduros, quando apresentam um cheiro doce e intenso, seu sabor é ácido e cítrico como um limão.
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Imagem via premioreportagem.org |
Cerejeira-do-rio-grande (Eugenia involucrata)
A Cerejeira-do-rio-grande é uma árvore frutífera ornamental, bastante popular nos quintais e pomares do sul e sudeste do Brasil. No Jardim ou no pomar, esta planta se destaca pelo tronco elegante e copa decídua, que marca as estações e pela intensa frutificação. Além disso, é indispensável em áreas de reflorestamento, pois é muito atrativa para a vida silvestre.![]() |
Imagem via Pinterest (Giancarlo Maffezzolli) |
Os frutos são muito saborosos, doces e levemente ácidos, com polpa carnosa e suculenta. Eles podem ser consumidos in natura ou na forma de compotas, geléias, sorvetes, vinhos e licores. Também pode ser plantada em vasos. A queda dos frutos produz manchas em calçadas e carros, por isso, deve-se evitar seu uso em áreas de estacionamento.
Guabiroba (Campomanesia guaviroba)
Com a crescente busca por jardins mais sustentáveis e ecológicos, a guabiroba vem ganhando lugar de destaque no paisagismo brasileiro, pois além de ser frutífera, ainda atrai a fauna silvestre e apresenta uma floração espetacular. Não obstante, é ideal para jardins onde a economia de água é importante, pois é muito resistente a estiagem. Pode ser plantado em grupos ou como planta isolada, pode ser plantada em vasos.![]() |
Imagens via Árvores do Brasil |
A guabiroba é um fruto muito saboroso, com polpa doce e casca amarga, geralmente consumido in natura, rendendo ainda deliciosas geleias, assim como compotas, licores, sorvetes, etc. Suas folhas são também utilizadas em infusões e extratos, tem comprovado poder de reduzir o colesterol ruim (LDH) e aumentar o bom (HDL), ajudando no tratamento e prevenção de doenças circulatórias.
Grumixama (Eugenia brasiliensis Lam., família Myrtaceae)
Grumixama é uma árvore de porte médio, altamente resistente á variações climáticas, que ocorre no sul da Bahia até Santa Catarina. Suas flores são brancas com muito perfume, possui compa densa e estreita. Quando adulta, pode alcançar até 15 metros de altura. Como toda frutífera nativa a Grumixama serve com alimento para animais silvestres e, apesar do seu crescimento lento, é muito utilizada nos projetos de restauração florestal.![]() |
Imagem Wikipedia |
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Imagem Meu Pomar |
Traz alegria para o nosso Natal, pois frutifica nos meses de outubro a dezembro. Os frutos são deliciosos para serem consumidos in natura ou aproveitados para fazer sucos, doces, rechear bolos e sorvetes. A árvore é ornamental, suas flores são melíferas, e se presta bem à arborização urbana. Seu nome vem do Tupi e significa fruta que pega na língua ao comer.
É contraditório pensar que vivemos num dos países mais ricos em biodiversidade do mundo, onde a grande maioria das pessoas nem sequer sabe o quanto temos de riquezas que estão correndo o risco de sumirem do mapa antes que as conheçamos. Para o botânico Ricardo Cardim, é preciso mudar nossa concepção cultural e agronômica:
Podemos começar a divulgar e cultivar nas cidades os frutos nativos, de forma a resgatarmos sabores esquecidos e ajudarmos no reequilíbrio ecológico urbano. Plantar árvores frutíferas nativas da região é um método eficaz de atrair a biodiversidade e tornar as cidades mais acolhedoras.
Conheça o blog de Ricardo Cardim, Árvores de São Paulo, AQUI.
Essa é a Cabeludinha que eu plantei no meu Jardim, ainda está pequena, mas já dando mostras das frutinhas que vem por aí...
E você, conhece alguma destas "nossas" riquezas frutíferas?
Conte pra gente, mande uma foto de suas plantas, do seu jardim, ou algum conhecido para divulgar aqui no blog. Vamos juntos incentivar a valorização do que é nosso, bem como a aproximação tão benéfica e generosa com a natureza.
Abraços,
Sejamos Felizes!
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Fontes: somosverdes; jardineiro.net; ciclovivo.
1 comments
O mais curioso é que todas pertencem à mesma família, Myrtaceae. São frutas aromáticas, ricas em óleos essenciais e muitos antioxidantes, o que torna essas frutas revigorantes e rejuvenescedoras. Conheço relatos de várias pessoas nesse sentido, confirmando a sensação de bem estar ao consumir essas frutas, especialmente Cambuci e Grumixama sei que são bastante ricas em antioxidantes, pois já pesquisei elas. Cambuí roxo com certeza também é, considerando a antocianina da casca, que dá essa cor roxa.
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